quinta-feira, 9 de junho de 2011

MEA CULPA

As relações afetivas são as mais propensas a atribuição de culpas; o fracasso é sempre do outro, costumamos pensar

Infância perpétua
Em seu texto no qual descrevia o preceito do Iluminismo, o filósofo alemão Immanuel Kant dizia que o movimento baseado na razão e no conhecimento era a saída do homem de sua menoridade, pela qual ele próprio é responsável. Menoridade, nesse sentido, estava relacionada à incapacidade do homem de se servir do seu entendimento sem a direção de outra pessoa. Kant defendia que o homem, na maioria das vezes, está em estado de infância, mas que esse estado não é absoluto, nem uma imposição. Muitas vezes as pessoas se colocam nesse estado porque não são capazes ou não querem dirigir a si mesmas – preferindo que outros definam sua direção. “Se eu tenho um livro que me faz as vezes de entendimento e se tenho um médico que decide por mim sobre meu regime, não preciso me preocupar”, escreveu o filósofo, para explicar esse comportamento transferidor de responsabilidade a que nós nos submetemos vez por outra.

Porque é mesmo comum atribuirmos uma ou outra culpa a outras pessoas ou até a situações. “Cheguei atrasado porque o trânsito estava caótico”; “Terminamos o casamento porque ele era muito egoísta”; “Não consigo trabalho porque o mercado está muito concorrido”; “Sou assim porque meus pais me educaram desse jeito.” E assim vamos vivendo, isentando-nos aqui e ali das nossas responsabilidades de sair mais cedo de casa, de batalhar para uma relação mais equilibrada, de fazer aperfeiçoamentos para melhorar a carreira, de escolher outros caminhos além daqueles que nos foram designados. Transferir nossas responsabilidades é um comportamento normal e aceitável, que todo mundo invariavelmente comete. Trata-se de uma tendência de autopreservação, um mecanismo de defesa a que nossa mente recorre quando a carga fica pesada demais. É quando projetamos a culpa no outro, isentando-nos e incriminando alguém. “Na medida em que projetamos sobre uma ou mais pessoas nossos impulsos inconscientes desejados ou indesejados, diminuímos nossa ansiedade, nossa angústia”, explica a psicóloga Vera Chvatal, do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Unicamp.

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