"Às vezes recolho-me num canto calmo, o silêncio grita dentro de mim, esperneia, pede voz alta, pede uma lamentação, pede um xingamento, uma lágrima, qualquer coisa que alivie o incômodo de sentir demais... E me basta isso, não quero o peso de ter que explicar-me, de ter que dizer o porquê de sentir. Vou deixar a alma se curar por si, vou dá espaço para ela possa se reerguer, ela sabe como renovar as cascas. E eu a respeito, porque és tão minha. Não tenho a intenção de desobedecê-la, jamais. É ela que eu carrego comigo depois dos desabafos, na rotina do tempo, é ela que me confessa quem realmente sou. Quero abraçá-la e apenas. Deixo ser, deixo estar, deixo acontecer, deixo o eu encontrar o eu mais profundo. É meu lugar sagrado, meu segredo mais íntimo. Abraço-me, aborvo-me. Com eternas reticências..."
Ane Lima
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